julho 04, 2006

8 Historias de "bola"


BRASIL

Bailado Com a Bola: Uma História de Amor
Texto de John Lanchester

Será que nos apaixonamos pelo futebol? O que acontece? Cá dentro, bem fundo, o futebol arrebata-nos porque tem beleza e dificuldade. Dois jogadores de uma equipa trocando a bola entre si, passando-a para um espaço vazio que, de repente, é preenchido por um jogador que ali não estava há dois segundos, correndo a toda a velocidade. Sem olhar para o espaço vazio e sem perder tempo, este jogador passa a bola a um terceiro que seguramente não pode ter visto. Este, por sua vez, também em velocidade e sem diminuir o ritmo, centra a bola, digamos que a 100km/h, para esta aterrar na cabeça de um quarto jogador que, depois de correr quase 70 metros até ao sítio certo salta e cabeceia a bola (gesto de dificuldade que nem todos conseguem perceber) com uma força e uma precisão inacreditáveis, exactamente para um canto da baliza onde o guarda-redes previra que ela fosse parar, executando um complexo movimento totalmente desprovido de raciocínio consciente, apenas baseado no reflexo músculo-memória, de tal maneira que toda esta graciosidade, velocidade, músculo, capacidade atlética, atenção ao pormenor, força e precisão nunca aparecerão numa folha de estatísticas e serão esquecidas por toda a gente no dia seguinte. Eis a estranha fragilidade do futebol, o seu carácter efémero. É difícil de descrever e ainda mais difícil de executar, mas possui uma beleza profunda, uma beleza sobre a qual sentimos dificuldade em falar e que cada espectador do jogo descobre por si próprio. Eis a razão pela qual o futebol, apesar de tanta coisa feia que o rodeia e a ele está ligada, continua a apaixonar-nos: porque é, porque pode ser, extremamente belo.

Nenhum país se esforça tanto por jogar futebol com beleza como o Brasil. É uma marca ideológica. Por isso, os jogadores brasileiros são tão amados. Não apenas na América do Sul – claro! – onde o Brasil tem o estatuto de superpotência desportiva regional, mas praticamente em todos os outros cantos do mundo. Com efeito, a equipa de futebol do Brasil goza no mundo do desporto do privilégio único de ser um super-vencedor adorado. Em geral, os fãs do desporto detestam os grandes vencedores. Mas o Brasil, única selecção nacional a ter vencido cinco edições do Campeonato do Mundo, e única a ter conquistado o título fora do seu continente, é amada. Por esse motivo, muitos fãs têm, a nível de selecções nacionais, duas equipas preferidas: a sua e o Brasil. É o único favorito que é favorito.

(John Lanchester é um romancista cuja carreira começou como comentador de jogos de futebol. A sua autobiografia “Family Romance” será publicada em 2007.)

2 comentários:

Intervencionista disse...

P.s. - Esta historia é para levantar a moral dos amigos "Brazucas" pelo mundo fora....

Anónimo disse...

Obrigado amigo... Obrigado mesmo...

A França mreceu ganhar, como eu ja dinha dito antes, Brasil veio mostrando desde o começo um futebol bem meia boca, esquema de 1x0 com times mais fracos ja se mostrava tagico... Time parecia time de pimbolim, não seu como você chamam ae aquele jogo de futebol de mesa. Jogadores não correm tras da bola, fica esperando ela cair do ceu... E outros tantos erros...
Mais não se pode ganhar todas senão fica sem graça hehehe

Agora com todo coração, Avante Portugalll

[s]s